quinta-feira, julho 29, 2010

Ela.

Ela encostou na mesa do bar.
Pediu duas, bebeu e saiu pra fumar.
O cabelo comprido e bagunçado.
Exalava um perfume,
que segundo ele...
só ela poderia exalar...
Misturado com Free de menta.

Voltou, tomou mais duas.
Foi ao banheiro duvidoso.
Quando voltou a mesa...
Ele estava lá.
Agarrou-a e com seu sorriso largo, disse:
-Oi meu Anjo!

Ela acordou envolta aos braços dele.
Encostada na pele branca e suave.
Olha pro lado e vê a boca aberta,
ouve o ronco.
Sente frio por ele ter-lhe roubado o cobertor.
Apertada, quase cai do colchão.
Ela se agarrou ao corpo quente.
Sorriu:
-É bem melhor do que eu imaginava.

quarta-feira, julho 28, 2010

Insistência Petulante

E eu não sei mais o que sentir.
Eu não sei mais escrever coerências
Pois eu não sei mais o que elas são.
Não quero mais sentir.

Não quero estar aqui,
O complicado só mais se complica.
As palavras só saem mais ariscas...
E as lágrimas escondidas pelo orgulho...
Saem carregadas de rancor.

Toca o telefone.
Mal humor repentino e sem motivo
Que desmotiva e desencoraja.


Por fim vem o medo e a dúvida:
Comodidade ou vontade?
O que me acorrenta à ti?

O engraçado é que tenho duas respostas.
E as duas nada querem dizer.
O engraçado é ter que fazer disso engraçado
para aliviar um pouco a pressão.

Ve-se, que do costume faz-se a tolerância.
Ve-se, que da vontade faz-se o brilhar dos olhos.
Entregue-se.
Serei sua escrava...

quinta-feira, julho 22, 2010

Não me leve a mal.

Não me leve a mal
Mas hoje não fiz minha cama.
Ah... e esqueci-me também de lavar a louça.

Hey, Mãe, não me leve a mal
Mas eu ja bebo e transo.
E fumo também.

Não me levem a mal
Mas posso ser alguém
mesmo sendo boêmia.

Não me leve a mal
mas odeio ter que seguir os seus padrões
sendo que mal o conheço.

Não me leve a mal
Sei que isso tudo não faz sentido
Mas eu preciso dizer.

Pois, por favor, Não me leve a mal...
Mas não reprimo minhas vontades.

Sim eu quero a cabeça rodando,
o riso fácil e sem motivo.
Eu quero o prazer barato.

Não me leve a mal
mas eu quero seus lábios tocando meus seios.
quero ofegar e me perder.

Não me leve a mal
por dizer o que te sufoca.

Não me leve a mal
Não me julgue antes do final.
Por mais que seja banal.

Não me leve a mal
Pois ja estou de saída
e eis o meu verso de despedida:

Não me leve a mal, mas sou apenas mais uma reles mortal.

Sobre antídoto.

- O título é um verso do poema "Versos Íntimos", de Augusto dos Anjos-

"A mão que afaga é a mesma que apedreja"




Enfraquecida

Semi-cega, perdida no seu olhar.

Atenho-me a ver só o que você vê.

E o que você vê às vezes é tão cruel...

Envenenada pelas suas pressuposições

Fez-me pensá-las como verdade.


Suas injúrias, seus rótulos.

Sua maldade nas palavras,

Sua mente parada no tempo.

Como caminhar acorrentada à sua falta de propósitos?

Como crescer se você não nos permite?


Sinto frio.

E aquela tal luz deixa meus olhos.

É o fim que eu estava pré-destinada.

A falta de amor próprio me dará o golpe final.

Uma última lágrima desce pelo rosto envergonhado pelo fracasso e culpa.

E no momento do desespero...

Eis que sinto uma presença familiar

É você correndo com o antídoto para me salvar.


E do seu largo sorriso fez-se o meu.

A força volta e me faz caminhar...

Caminhar ao seu lado, daquela nossa forma fálica e desajeitada.

Você tem todas as respostas antes de eu perguntar.

O seu olhar que me intimida e que eu traduzo sem nem me esforçar.

E me falta o ar. E me faz voar.

E por fim... Me abraças....e vem o perfume.

Curando-me, o antídoto para todo e qualquer mal.

Porque você sabe do que eu sinto antes que eu sinta.

Me tira de órbita e pulveriza toda minha dor.


E que se for para ser assim

Me envenenando, me curando

Me odiando, me amando

Crescendo ao meu lado

Fazendo-me a mais feliz das felizes

E dando-me vontade de respirar

Que assim seja e será.

E se eu tiver que errar e acertar que seja ao seu lado.

Se for pra sofrer, que eu tenha você para me alegrar.

Porque nada nunca será tão bom quanto você, meu amor...

Me ferindo, me curando

E me fazendo continuar...